sábado, 20 de novembro de 2010

Oscar Brasileiro

Se eu fosse um milionário ligado à imprensa, desenvolveria um projeto para premiar a melhor emissora de televisão brasileira. O troféu ficaria cravado em uma pedra e apenas a emissora realmente interessada em agradar os telespectadores teria capacidade de retirá-lo. Fico imaginando a disputa como se ela fosse acontecer hoje e tentando eleger a que deve ser considerada vencedora.

A primeira candidata, também número um na audiência, é notavelmente um globo, um círculo que não se desprende do conteúdo uma vez proposto. Culinária, desenho animado, jornal, novela, filme, culinária, desenho animado, jornal, novela, filme, culinária, desenho animado... Nada de criativo, nada de original, mas faz um clichê bem feito e atrai a maioria por isto: a qualidade no ruim.

A segunda candidata é um sistema blá-blá-blá de televisão. Diferente da primeira candidata, esta não tem início, meio ou fim. Os programas voam como vacas na visão distorcida de um bêbado. Também como vacas, que repetem suas atividades diariamente, a emissora exibe mais reprises do que programas inéditos. Com certeza é uma emissora que, se não ganhar o prêmio na primeira edição, não achará nada estranho tentar no próximo ano, tentar próximo ano, tentar no próximo ano.

A terceira candidata quis bater um recorde de inovação e acabou misturando um pouco das características da primeira com as da segunda candidata. Nessa, as vacas que se repetem giram em círculo e resultam num xérox — que a emissora insiste em garantir que foi autenticado em cartório e, por isso, é como se fosse original.

A quarta candidata investe em bandeirantes para explorar o ouro, sem perceber que já não há mais pedras preciosas nos lagos. O que é exibido tem uma perfeição indiscutível... para ter sido exibido há cinquenta anos. Os roteiros dessa emissora, provavelmente, sejam papiros ou livros de História que não contém nada de moderno e sedutor.

A quinta candidata é uma rede de tevê que cresce a cada dia, afinal é o povo que faz a televisão. A emissora defende que, para agradar o público, nada melhor do que deixar o público no ar. Sem jornalistas, apresentadores e demais profissionais realmente profissionais. A regra é: a voz do povo é a voz de Deus. Se é bonito e sabe contar piadas, que mal há em dirigir algo visualizado nacionalmente.

Há, também, as candidatas menores, que nem merecem o tempo dispensado para uma análise sobre elas.

Se eu fosse um milionário e tivesse condições de criar essa premiação, possivelmente, o prêmio ficaria preso por um bom tempo, já que ainda não existe uma TV Arthur, despreocupada com o dinheiro obtido através da propaganda e com uma programação de qualidade.

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