terça-feira, 21 de junho de 2011

Perdida na Cidade


Acampar é uma coisa que parece bastante divertida vista da televisão. As escolas que aparecem nos filmes sempre fazem esse tipo de coisa, mas, aqui no Brasil, pelo menos na minha escola, nunca vi isso acontecer.

As excursões são sempre ao shopping, ao cinema, ao zoológico ou — o que é pior — a algum museu. A minha turma, no entanto, é cheia de inovar e, para a viagem de formatura da oitava série, decidimos ir a um acampamento.

Com o dinheiro que conseguimos juntar durante o ano, foi possível pagar uma viagem para fora do Brasil: para a Colômbia! Com ajuda da professora de Geografia, escolhemos o lugar mais exótico para acampar: a Cidade Perdida.

Essa cidade foi descoberta há pouco tempo e dizem que é toda cheia de mistérios. Ela fica na margem de um rio chamado Buritaca, na Serra Nevada de Santa Marta. É uma civilização antiga, mas com uma estrutura digna de construções atuais.

Era tarde de sábado quando entramos em um avião e a ansiedade era tripla: era a primeira vez que voávamos, era a primeira vez que saíamos do país e era a primeira vez que dormiríamos em barracas, sem mordomias ou banheiros adequados.

O avião aterrissou no aeroporto da capital e pegamos um ônibus até a Cidade Perdida. Quando o caminho parecia ter acabado, continuamos andando. Adentramos uma floresta com animais estranhos que pulavam no ônibus e flores que exalavam cheiros exóticos.

Subimos uma montanha que era cortada por uma cascata. Alguns pingos entraram pelas frestas da janela e nos molharam com a fresca água colombiana. Assim que vimos o primeiro círculo de pedra, o ônibus parou.

Descemos e começamos a nos instalar. Dividimos os grupos e montamos as barracas, como escoteiros de verdade. Estávamos tendo a oportunidade de transformar em realidade tudo o que só conhecíamos pela televisão.

Já estava anoitecendo e os marshmallows estavam preparados para serem levados à fogueira quando alguém deu um grito: notaram a falta de uma de nossas colegas, justamente a garota que nem tinha dormido à noite de tão ansiosa que estava pela viagem.

Pegamos uma lanterna e fomos atrás dela. Procuramos atrás das árvores, das pedras e até debaixo das barracas — era bem possível que não a tivéssemos visto e montado tudo em cima dela. Mas não achamos ninguém.

Havia uma garota perdida na Cidade Perdida e o medo passou a tomar conta de todos. Então, fiquei corajoso: arranquei as mangas da camisa, amarrei uma faixa na cabeça e, no estilo Rambo de ser, informei que não descansaria enquanto não a encontrasse.

Antes de sair feito um aventureiro, escalando morros e mergulhando no rio, precisei voltar ao ônibus para pegar um casaco — até mesmo o Rambo sente frio de madrugada. Quando abri a porta, me deparei com minha amiga, adormecida no ônibus, dormindo o sono que não tinha dormido pela ansiedade.

Percebi que poderia ter cumprido com minha meta de encontrar a garota sem ter rasgado a camiseta. Mas, agora, já era tarde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário